domingo, 27 de fevereiro de 2011

A pesquisa como eixo de formação docente

ESTEBAN, Maria e Tereza e ZACCUR, Edwiges (orgs.). Professora-pesquisadora: uma práxis em construção. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2002.

A pesquisa é constituída como um processo de questionamento de uma dada realidade com base em fundamentos teóricos que vão se contrapor ou não aos dados levantados.  Em nossa sociedade, quando falamos de pesquisa logo relacionamos a esta o espaço acadêmico, “detentor” do saber científico. Na maioria dos casos são desprezados os saberes do dito senso comum e o campo da pesquisa fica voltado aos intelectuais acadêmicos detentores do conhecimento. Em contra-partida, na educação vemos surgir um movimento questionador e propositor desta realidade nos levando a repensar a ideia da universidade como único campo de construção do saber.
Diante da crise na educação brasileira e da complexidade do processo educacional, pouco vemos intervenções significativas que buscam compreender as mudanças e transformações existentes no interior das escolas. O que vemos são conhecimentos produzidos por pesquisadores acadêmicos e que são consumidos pelos professores da educação básica. Pois a estes profissionais não são dados pressupostos para o questionamento, investigação e sinalizações do seu cotidiano escolar.
A realidade nos moldes do sistema capitalista implica a difícil superação da dicotomia entre o fazer e o pensar, onde uns pensam e outros executam.  Assim, a educação segue os princípios capitalistas de uma busca incessante por novos métodos pedagógicos que mascare um sistema educacional excludente e que forma em sua maioria cidadãos analfabetos funcionais e iletrados.
Assim, a pesquisa associada ao aprofundamento teórico é relevante para a busca de respostas a questionamentos que se encontre em constante renovação. Devemos enfatizar a necessidade de um dialogo mútuo e contínuo entre o pesquisador-acadêmico e o professor-pesquisador que evidencia novas possibilidades de construção do conhecimento crítico acerca de uma determinada realidade.  
A formação do professor-pesquisador nos cursos de Pedagogia é dificultada pela grade curricular destes que priorizam as disciplinas teóricas, depois as metodologias e por fim o estágio que pressupõe a aplicação de todos os conteúdos estudados durante o curso. Por conta desta fragmentação os conhecimentos quando confrontados a realidade escolar não dão conta das exigências da prática cotidiana relacionada à imprevisibilidade e heterogeneidade do processo pedagógico e das relações humanas. O estágio é visto como treino para uma futura ação docente, sendo caracterizado pela ausência do diálogo entre teoria e pratica.
No momento em que a atividade de pesquisa é oportunizada em todo o currículo do curso de Pedagogia é dada ao professor a possibilidade do diálogo prática-teoria-prática, onde a prática irá sinalizar questionamentos que serão interpretados com base na teoria evidenciando alternativas para uma nova ressignificação dessa prática. No cotidiano escolar a pesquisa assumir importante papel para que os dilemas e desafios da educação sejam enfrentados a partir de questionamentos e reflexão.
Para tanto, é necessário que o professor assuma a função de pesquisador do cotidiano escolar, refletindo e teorizando sobre a dinâmica pedagógica, fomentando a construção coletiva de novos conhecimentos e alternativas que viabilize a transformação escolar.

2 comentários:

  1. Boa noite,
    gostei muito de suas reflexôes, e gostaria de relatar alguns problemas que impede e/ou limita uma prática pesquisadora por parte dos professores. Primeiro eu citaria a baixa remuneração, o que desmotiva a prática pedagógica. E também a carga horária alta, que deixa o docente mais cansado sem vontade de inovar e realizar aulas atrativas e prezerosas.

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  2. Verdade, apesar das nossas políticas públicas preconizarem a ideia de formação continuada aos professores este não dá subsidios para favorecer este profissionais a buscarem novas possibilidades para (re)pensarem sua ação docente. Como você já citou são inúmeros os fatores que colaboram para a desmotivação do trabalho docente.

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